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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A favor da Honestidade I




Charge de autor desconhecido.


Cazuza apresentava um programa de rádio diário, o "Cheiro de Mato", das 5h às 8h na rádio Xingó FM. No primeiro ano do programa, apresentou basicamente músicas sertanejas. Depois, começou a apresentar temas políticos. O programa tinha a participação do deputado Albérico Cordeiro, de Alagoas, que ligava de Brasília para passar notícias. Nos últimos meses de vida, o radialista passou a fazer críticas à administração municipal. A Prefeitura era o maior anunciante da rádio - até o assassinato de Cazuza.

O radialista chegou a ser suspenso por alguns dias por causa de uma discussão com o então prefeito Galindo, no estúdio da rádio, em fevereiro de 2000, um mês antes de sua morte. Galindo estava no ar, falando num espaço de entrevista pago pela Prefeitura para divulgação de suas atividades. Em seu programa, Cazuza havia acusado o prefeito de distribuir camisetas com o número 45, do partido de Galindo, PSDB, associado ao carnaval da cidade. Ele também fez reiteradas denúncias sobre o recadastramento irregular de eleitores pela Prefeitura.

No dia da discussão na rádio, Galindo respondia às acusações sobre irregularidades feitas pelo radialista. Cazuza invadiu o estúdio durante o programa e disse: "Prefeito, o senhor está mentindo". Conforme testemunhas, Galindo chamou o radialista de "maconheiro e homossexual", disse para se retirar e que acabaria de falar com ele fora do ar. Para seus assessores, teria dito que, se não fosse prefeito, matava Cazuza naquele dia mesmo. Desde então o relacionamento de Galindo e Cazuza desandou de vez. Numa cidade pequena como Canindé, com cerca de 17 mil habitantes à época, ser tachado de homossexual e acusado de usar drogas é motivo de fofocas e vergonha. Em cidades como a nossa, pouca gente fala sobre o assunto, e quando fala é com certo tom de preconceito.

Cazuza foi suspenso, em princípio, por 30 dias pela direção da emissora. No quinto dia essa suspensão foi revogada, segundo relatou o jornalista Luiz Eduardo de Oliveira Costa, proprietário da rádio e hoje membro da coligação integrada por Galindos e CIA.

 A reprodução da discussão entre Cazuza e Genivaldo Galindo consta no inquérito que apurou o crime, como uma prova da ameaça pública feita pelo prefeito contra o radialista. A fita com a gravação não está mais disponível na Rádio Xingó FM, explicou então o diretor da emissora, Paulo Costa Neto, filho do proprietário, porque as cópias existentes foram repassadas para a polícia e para rádios e emissoras de televisão locais na época da morte do radialista.

A briga pública dos dois, meses antes, seria inconcebível. Cazuza vivia com Galindo para cima e para baixo. Era o locutor oficial da Prefeitura, contam os amigos. Após o crime, o proprietário da Rádio Xingó FM, Luiz Eduardo de Oliveira Costa, entregou ao Ministério Público uma série de denúncias contra o então prefeito Galindo.

Em sua coluna dominical no Jornal da Cidade, de Aracaju, Costa já vinha fazendo críticas à administração municipal de Canindé. Sua mulher, Eliane Moura Moraes, foi lançada candidata à vice-prefeita da cidade, na chapa com o candidato a prefeito Orlando Andrade (na época, vice de Galindo). O apoio à candidatura de Eliane pode ter sido o motivo pelo qual Cazuza acabou se afastando politicamente de Galindo e direcionando ao prefeito suas críticas na rádio. Costa disse que não, que a candidatura da mulher foi lançada depois da morte de Cazuza, para se contrapor ao poder de Galindo. Contraposição tal que hoje se transformou em apoio falado, escrito e praticado.

Na madrugada em que foi assassinado, o radialista voltava de uma festa em comemoração aos quatro anos de fundação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). No dia anterior, havia acompanhado uma caminhada dos sem-terra de Poço Redondo, cidade vizinha, até Canindé. Depois, foi até a casa de Luiz Eduardo de Oliveira Costa. "Antes de sair, Cazuza ainda brincou que ia assinar uma carta usando meu sobrenome e o de minha mulher, porque se considerava da família", relatou Costa. A carta era sobre as pichações "Cazuza 2000", feitas em muros da cidade - em alusão a sua candidatura a vereador. No documento, dizia ao juiz que as pichações haviam sido feitas por desconhecidos e que seriam apagadas.

Costa pediu a Cazuza que não fosse à festa à noite, onde deveriam estar o prefeito e seus assessores, e mandou o gerente da rádio levá-lo até sua casa. Costa disse que temia pela segurança do radialista porque várias pessoas ligadas ao prefeito andavam espalhando que, depois do carnaval, iam "fazer a festa deles". "Eu tinha medo que Cazuza fosse agredido, mas não morto", relatou.

Costa acredita que a morte de Cazuza, indiretamente, visava intimidá-lo. "Pensaram que matando Cazuza eu sairia correndo da cidade. Não podiam me matar, porque eu tinha muitas ligações políticas, inclusive com o governador - meu pai e o dele trabalharam juntos -, e a repercussão seria maior".

Até o início dessa década Costa se considerava ameaçado pelos atos de Genivaldo Galindo. Hoje, ambos levantam a mesma bandeira em prol de uma candidatura que reúne gregos, troianos e atenienses. Esse milk-shake de ideologias e caráteres tão distintos, mas que ao mesmo tempo tão semelhantes é que faz por em dúvida a integridade moral e administrativa de um eventual governo realizado pela oposição. Afinal, a sabedoria popular já defende que aquele que com porcos se junta, farelos comem.


Adaptado de 'Proyecto Impunidad'.



3 comentários:

  1. "Até o início dessa década Costa se considerava ameaçado pelos atos de Genivaldo Galindo. Hoje, ambos levantam a mesma bandeira em prol de uma candidatura que reúne gregos, troianos e atenienses".

    Épico!

    Parabéns pelo artigo.

    Esse blog sim é verdadeiro, imparcial e bom de se ler. Pena que existe um outro blog de um cidadão canindeense que se diz a favor os fracos e oprimidos, no qual o seu dono só escreve errado (o mesmo põem culpa no tempo e ainda se auto-intitula jornalista e formador de opinião, kkkkkkkkk é uma piada). Canindeense o qual, afirma em seu blog que "Ednaldo da Fármacia, um bom e sucedido empresário no ramo farmacêutico" (palavras do tal blogueiro), deveria se preocupar em dar continuidade a sua vida empresarial, pois o mesmo não é político.

    Agora, gostaria de deixar algumas perguntas para os leitores desse blog...

    1- Político se nasce ou se torna?

    Em minha opinião, todos nós nascemos iguais, com os mesmos direitos e político torna-se quem quer. Podemos tirar por base o Deputado Federal Romário (aquele que apoia o tal Pastor através de uma vinheta), que foi um dos melhores jogadores de futebol do mundo e que hoje é político.

    2- Você prefere colocar para administrar a sua cidade "um bom e sucedido empresário" ou um pilantra que envergonhou o nome de todos os brasileiros e principalmente dos sergipanos ao ser um dos acusados de participar de um dos maiores esquemas de corrupção da história desse país?

    Lógico que prefiro o bom e sucedido empresário. No fundo todos nós preferimos ele. Não adianta tratar a paixão como amor.

    Posso até respeitar quem vota em um candidato acusado de corrupção que se diz ser nota 10 mas, perco minha total adimiração por tais pessoas.

    É aquela velha história: Você colocaria uma pessoa acusada de estupro para cuidar dos seus filhos?
    É claro que eu não colocaria...

    E por que votar em um acusado pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva, lavagem de dinheiro (faltou mais alguma acusação?), para administrar a sua cidade?

    Pois é, infelizmente outro jornalista, cujo nome tem ampla participação neste artigo, tentou de maneira infortunada atingir à Ednaldo da Fármacia e a sua pacífica campanha, quando o mesmo escreveu sobre Ednaldo ter falado em um do seus comícios que se inspira nos técnicos de futebol e só mostrará o jogo no dia 1 de janeiro de 2013. Quem dera se todos os políticos tivessem a visão, humildade e sinceridade de Ednaldo.

    Posso até ter me desiludido com a política desse país, mas o pouco de fé que me resta depositarei em Ednaldo. Primeiro, porque o conheço e sei do grande homem e pai de família que é. Segundo porque sei que ele tem competência e vai fazer a diferença. Terceiro, porque eu tenho certeza que dia 1 de janeiro Ednaldo vai mostrar em campo um time determinado a vencer o jogo em uma partida que durará 4 anos. Quarto, porque não tem outro candidato a altura dos pés dele para merecer se quer a minha atenção.

    Termino esse comentário também me inspirando em frases do mundo esportivo.

    "Em time que está ganhando não se mexe"

    Alguém, 21 de Setembro de 2013 às 16:31.

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  2. Um dia antes de ceifarem a vida do nosso amigo, Zezinho Cazuza, lembro-me que o mesmo nos convidou para ir ao evento realizado pelo MST.

    Zezinho Cazuza era o radialista mais importante e conhecido na Xingó FM. Com seu jeito descontraído, simples e com o coração do tamanho do mundo sempre procurava ajudar as pessas, sobretudo as mais carentes. Acordar de manhã ouvindo a voz de Cazuza dizendo: "que carrapetas doida são essas meu irão", ou mesmo fazendo alguma campanha de doação de alimento ou coisa e tal, era mais que normal.

    Zezinho Cazuza era conhecido por todos, seja a galera do futebol, políticos, até as pessoas mais carentes. Lá se vão 12 anos de saudade e lembrança do cara que sempre defendeu o povo canindeense, em especial, os jovens e os ciadadãos mais carentes.

    Aqui na terra a justiça foi feita, tal qual a do céu, Deus tudo sabe.

    O sangue de muitos bravos brasileiros foram derramados para que a nação hoje pudesse ter a liberdade de expressão, a liberdade de escolha e o direito de ir e vir.

    No dia 07 de outubto os canindeenses farão justiça em frente a urna dizendo, NÃO, a mentira, aos gananciosos pelo poder. Que a memória do nosso saudoso, Zezinho Cazuza, seja sempre lembrado positivamente pelas suas boas ações. Que os/as jovens desse município conheçam sua história e que valorize cada vez mais as conquistas que temos.

    Viva aos canindeenses! Viva a paz!

    "Que carrapeta doida meu irmão".
    (Zezinho Cazuza)

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  3. Parabens amigo, como sempre preciso nas palavras. so tenho a concordar com tudo isso, sendo que o artigo não so refresca nossa memoria como tbm nos faz ter um uma noção basica de uma provavel administração

    C Gabriel

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