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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A favor da Honestidade III


Denisson Santos

Charge de autor desconhecido.




Ao falar de honestidade, é fato que para construir um nome são necessários vários atos honestos em um caráter bem construído. Contudo, basta apenas um ato desonesto ou desleal para que esse mesmo nome seja destruído.

A morte de José Wellington Fernandes, o nosso Cazuza, ainda permanece envolta em controvérsias mesmo tendo já passado mais de dez anos. Isso ocorre devido ao complicado jogo de poder que existia na região na época do crime.

O advogado de Zé de Adolfo, condenado como o executor do assassinato, acusou ainda de envolvimento no crime a pessoa que disse ter vendido a arma para o assassino. Ele seria um ex-vigia de Luiz Eduardo de Oliveira Costa. "Pedi a arma para verificar o histórico, mas ela desapareceu. Há um interesse em manter o inquérito da morte de Cazuza como está, para promover uma mudança política em Canindé", diz o advogado Tenório. Ele citou outros fatores que, a seu ver, provam a existência de um complô para incriminar o ex-prefeito.

"O delegado Jocélio, afastado de seu cargo, disse que houve uma reunião da cúpula da polícia para direcionar o caso contra Galindo. Eles pensaram: vamos pegar Zé de Adolfo, porque é alcoólatra e vai confessar. O próprio cunhado de Cazuza falou que o relacionamento do radialista era excelente com Galindo, mas não com Luiz Eduardo". 

De fato, no inquérito consta também o nome de Jorge Moreira dos Santos como o de um cunhado de Cazuza que viveria com sua irmã Josefa Vânia da Silva. Santos declarou à polícia, em dezembro de 2000, que uns 15 dias antes de morrer, Cazuza andava desconsolado e chorando muito porque não podia ficar ao lado do prefeito por imposição da rádio. Cazuza teria dito ao cunhado que estava com medo, sem mencionar do quê. Nem Meire Fernandes de Lima, a irmã mais próxima de Cazuza, nem João Santana Pinheiro, irmão por parte de pai, confirmam conhecer Santos ou Josefa. "Essa pessoa deve estar ganhando algo de Galindo para dizer isso", observou Meire.

O relacionamento de Luiz Eduardo de Oliveira Costa, dono da Rádio Xingó FM, com Galindo, antes do crime, variava conforme os interesses políticos. Quando o então prefeito foi preso em flagrante, em Feira de Santana, na Bahia, em julho de 1999, acusado de posse ilegal de armas de uso exclusivo das Forças Armadas, Costa interveio para soltá-lo. Na ocasião foram encontrados com Galindo e seus homens que o acompanhavam três metralhadoras, pistolas 9 mm e revólveres calibre 38. Nenhuma dessas armas estava registrada. Costa disse que, como tinha um bom relacionamento com Galindo e com o governador Albano Franco, telefonou para o chefe de governo estadual e pediu que recebesse os filhos do prefeito. "O governador disse que já sabia e que ia encaminhar o caso para a Secretaria de Segurança Pública", lembrou.

No dia em que Cazuza morreu, Costa foi para a rádio e disse que Canindé deveria sofrer uma intervenção. Depois, entregou um dossiê ao Ministério Público com denúncias de irregularidades cometidas pelo prefeito e seus assessores. "Não denunciei Galindo antes porque não tinha os elementos necessários. Além disso, até a primeira administração do prefeito, ele estava melhorando a educação, mas em seguida trouxe uma quadrilha de fora e começou a abandonar o município", observa o jornalista.  O proprietário da Rádio Xingó FM rebate as acusações de que tinha interesse na morte de Cazuza e que o radialista andava descontente com atrasos de salário. "Ele era como um filho" lembra Costa. 

Mas graças à repercussão causada pelo assassinato de Zezinho Cazuza, Canindé de São Francisco viu-se subitamente no noticiário nacional, e isso permitiu desvendar uma série de falcatruas e rombos financeiros, que somam cerca de R$ 50 milhões (cerca de US$21.000.000). Deste total, pelo menos 70% foram gastos quando Genivaldo Galindo da Silva era prefeito da cidade, segundo os cálculos dos auditores. 

Entre as irregularidades constatadas pelo Tribunal de Contas estão: empréstimos por antecipação de receita; licitações favorecendo empresas sem registro, beneficiando amigos ou o próprio prefeito; adulteração de notas fiscais; contratação de uma cooperativa prestadora de serviços em que os cooperados recebiam pelo trabalho sendo também funcionários públicos; doação de imóveis a particulares e aquisição dos mesmos, depois, por valores maiores; além de serviços de engenharia prestados por uma funerária.

Enfim, entre mortos e feridos, salvaram-se aqueles que tem dinheiro e influências. Hoje vê-se que aqueles que já trocaram sérias acusações estão juntos e com o objetivo de governar Canindé, assim como já estiveram em outros carnavais. Resta-nos saber quem se propõe a ser o novo ‘Cazuza’, ou o novo ‘Zé de Adolfo’.


Adaptado de Proyecto Impunidad.

Um comentário:

  1. Perfeito,objetivo, histórico e real esse seu artigo. Parabéns pelo discernimento, garoto

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